quinta-feira, junho 30, 2005

BESTIAL ......

O orçamento rectificativo confirma que o Governo aspira a fazer milagres.
Diminuir o défice sem reduzir a despesa é o objectivo para este ano.
Poupar sem deixar de gastar é bestial !!!!!.
Penso que as donas de casa vão seguir com muita atenção o que faz José Socrates porque quase todas têm um problema parecido.
A minha vizinha do 2º. andar está entusiasmadíssima e acredita poder fazer o mesmo.
Tem já vários chás organizados com as amigas para seguirem de perto o processo...

quinta-feira, junho 16, 2005

FILHO BASTARDO

Ele anda por aí... o défice.
Mas ninguém sabe como nasceu, nem quem é o pai. Todos procuram fugir dessa responsabilidade, porque a criança é um caso sério...um problema grave.
Ignora directivas, orientações e outras formas de tutela.
Já tentaram conter o seu crescimento, mas em vão.
Já quiseram interná-lo num orçamento restritivo, mas ficou a rir-se e saiu mais forte e voraz do que antes.
Pouco a pouco está a transformar-se num monstro que tudo consome.
Não há alimentação que lhe chegue.
Atónito e atemorizado, o País que o acolhe e lhe dá guarida uniu-se elegendo por larga maioria uma grande força política para o controlar, porque começa a tornar-se um perigo público e social.
Ainda não se pode prever o que irá acontecer, mas receia-se o pior.
Enquanto a força política faz planos, o monstro não pára de consumir o que encontra à sua volta.
Entretanto, receando reacções violentas, vão-lhe dando tudo o que reclama, para o acalmar......

quinta-feira, junho 09, 2005

COMO É POSSÍVEL !!!!!!

Concordo e sempre concordei com a quebra do sigilo bancário em favor da justiça fiscal.
Mas não concordo nem poderei nunca concordar com a divulgação pública da situação fiscal de cada contribuinte, por que considero uma inaceitável perda de privacidade e uma total falta de respeito pelas pessoas, susceptível de ter graves consequências em termos sociais.
Alimentar a mesquinhez, a inveja, o ciúme e o ódio para os utilizar em favor seja do que for parece-me muito mau caminho.
Provavelmente vamos trocar alguma fuga fiscal pelo desenvolvimento dos sentimentos mais baixos que o homem pode ter, com degradação do tecido social e da solidariedade nacional sobre a qual se deveriam construir todas as soluções.
Os reality-shows vão parecer sensaborões ao lado de comentários eventualmente sórdidos do que ganha ou não ganha o vizinho do lado ou o colega de escritório.
Na minha actividade profissional aprendi que o sigilo sobre o vencimento de cada pessoa era um espaço que deveria ser respeitado.
Nunca, desde a revolução de 25 de Abril de 1974, assisti a um assalto tão grave aos princípios que regem a vida civilizada.
Nem conheço nada de semelhante na Europa democrática.
No entanto, a comunicação social sempre pronta a criticar nem comenta.... Nem os comentadores oficiais..... Apenas ouvi uma voz, a dum presidente de um banco...a preocupar-se com o assunto.
Como é possível !!!!!!!

quarta-feira, junho 01, 2005

A GRANDE MENTIRA

A grande mentira dos últimos tempos foi a promessa feita pelo actual primeiro-ministro quando em campanha eleitoral garantiu aos portugueses, olhos nos olhos, que não haveria aumento de impostos.
Mentira porque não poderia deixar de saber que a situação do País era grave e que exigia aumento de impostos, o que, aliás, vinha há muito tempo a ser certificado por numerosos economistas.
Grande, porque visava enganar não um, nem dois, nem meia dúzia, mas sim dez milhões de portugueses.
Como uma mentira nunca vem só, teve agora de voltar a mentir dizendo que na altura da campanha não conhecia a real dimensão do défice !!!!!
Grande ainda, porque obrigou a uma encenação com altas personalidades da vida pública a criarem um cenário novo, como se a vida fosse uma peça de teatro em que os cenários possam mudar entre dois actos.
Pelas elevadíssimas responsabilidades que resultam das respectivas funções, ficarão na história como actores interpretando papeis de dupla personalidade, quer o Senhor Presidente da República, que o Senhor Governador do Banco de Portugal.
O primeiro, que passou de um personagem que desqualificava a importância do défice dizendo que havia mais vida para além dele.... para um personagem que passou a eleger o défice como o perigo público nº.1, apelando à solidariedade nacional para apoiar as medidas do governo.
O segundo, porque apesar de ser um economista muito reputado e liderar uma Instituição de enorme capacidade técnica, que tem por missão, entre outras, acompanhar a evolução da situação económica e financeira do País, passou de um actor que falava do dito défice sempre com um sorriso negligente e doce nos lábios, para outro que, de repente, descobriu que afinal o défice tinha ido longe de mais, sem disso se aperceber, exigindo ser tratado como verdadeiro monstro, isto é, sem dó nem piedade!!!
Claro está que estamos a falar de ficção e de teatro.
Claro está também que as interpretações de ambos foram magníficas....
Caso contrário teríamos de questionar se a fidelidade partidária justifica uma certa forma de infidelidade ao País.