quarta-feira, agosto 27, 2003

CLARA FERREIRA ALVES E O TERRORISMO

Clara Ferreira Alves escreve hoje no Diário Digital uma coluna denominada "A explosão", onde opina que o terrorismo é nos nossos dias mais organizado e assustador do que foi no passado, para concluir que isso se deve "...aos erros da Casa Branca e de Downing Street, que todos iremos pagar.."
Termina por chamar a Tony Blair "auto-iluminado" e a George Bush "ignorante".
Admito que a esquerda, que em tudo procura argumentos para combater a direita, pode ter opiniões radicais, mas, em meu entender, a decência obrigaria a que as tragédias provocadas pelo terrorismo internacional não fossem usadas como pretexto para mais uma simples coluna de opinião que não apresenta nada de sério, nem de construtivo.
A decência obrigaria também a não recorrer ao insulto, que se torna ainda mais chocante quando se verifica que nem uma palavra é dita para condenar os responsáveis pelos actos terroristas.
Afinal, para Clara Ferreira Alves, o terrorismo serve lindamente para mais um ataque aos seus opositores políticos.
Lamentável....

segunda-feira, agosto 25, 2003

HÁ QUEM NÃO TENHA MEDO DE MORRER

Morrem pessoas nas estradas. Morrem pessoas nas praias. Más estradas? Má vigilância? Não. Ou não apenas. Acima de tudo falta de respeito por regras e códigos de conduta, falta de educaçao e civismo e uma total inconsciência.
Ainda recentemente numa praia americana assisti ao fim do dia de trabalho dos nadadores salvadores. Antes de partirem ouviram-se os apitos por toda a praia e todas as pessoas que estavam dentro de água sairam durante alguns minutos, os suficientes para que se pudesse verificar que, ao deixarem o seu posto de trabalho, os nadadores-salvadores não deixavam ninguém em situação de perigo. Depois cada um poderia regressar ao mar, mas de sua conta e risco.
O que aconteceria em Portugal quando os apitos soassem ?
Alguém respeitaria a regra de sair da água ?

quinta-feira, agosto 21, 2003

HOMENS DE NEGÓCIO

Qualquer homem de negócios, para ser bem sucedido, precisa de ter qualidades pessoais orientadas para a realização do lucro como objectivo primordial na vida. É uma aprendizagem que se faz desde criança, ou por influência familiar ou do meio ambiente em que se processa o desenvolvimento e a formação do carácter, algumas vezes apoiados numa forte herança genética (costuma dizer-se que filho de peixe sabe nadar).
Dificilmente se criam essas personalidades em escolas e universidades.
A educação académica faz gestores, mas não homens de negócio.
Em toda e qualquer iniciativa, em todo e qualquer projecto, os homens de negócios tem como primeira, ou única, preocupação a de verificarem como poderão sair a ganhar dinheiro, confiantes nas suas capacidades para vencerem riscos e, quase sempre, sem se deixarem condicionar por princípios e valores éticos e morais. A maioria das outras pessoas têm objectivos diferentes na vida, embora obviamente apreciem o dinheiro e gostem de o possuir...

Li em tempos uma história que, de certa forma, ilustra isto.
Numa aldeia remota do interior, o pároco tinha como ajudante na celebração da missa um jovem, filho de pessoas humildes, apenas com a 4ª classe, mas muito desembaraçado e hábil a tirar proveito de todas as situações, designadamente nas brincadeiras com as outras crianças da escola.
Manifestava o pároco o desejo de lhe financiar os estudos, pois lhe parecia que se tratava de uma dádiva de Deus, que teria de ser apoiada. Mas o jovem não se interessava pela escola e um dia, sem disso informar ninguém, deixou a aldeia em direcção à cidade, onde chegou sem recursos e onde não podia contar com qualquer apoio.
Depois de observar o que se passava à sua volta, verificou que muitas pessoas, que circulavam nas ruas, fumavam e procuravam um quiosque, situado estrategicamente numa esquina, para comprarem os seus cigarros. Pensou então que se tivesse um tabuleiro onde transportasse os maços de cigarro, se poderia antecipar ao quiosque, indo ao encontro dos clientes. Assim iniciou a sua actividade empresarial, que teve muito sucesso, a tal ponto que algum tempo mais tarde estava a comprar o quiosque cujo negócio prejudicara. E depois foi adquirindo outros quiosques, com o mesmo sistema de antecipação à concorrência, e foi alargando a rede de vendas, sempre com o objectivo de ir ao encontro das necessidades dos clientes.
Um dia um amigo, que conhecia a sua história, disse-lhe, com muita sinceridade, que admirava as suas qualidades de inteligência, acrescentando: "Posso imaginar o que seria se tivesses estudado..."
Ao que ele respondeu, também com muita sinceridade: " Provavelmente estaria a ajudar a ajudar à missa na minha freguesia..."

terça-feira, agosto 19, 2003

AS BARRAS DE OURO

Há quem pense que a melhor garantia de futuro para os filhos é um valioso património.
Outros consideram que mais importante são os hábitos de trabalho e as qualificações pessoais e profissionais.
A este propósito não resisto a contar um pequeno episódio verídico ocorrido aquando da descolonização de Moçambique.
Diariamente, dezenas de portugueses se apresentavam na ponte-cais da bela cidade de Lourenço Marques com numerosos contendores de madeira acumulando os seus haveres, a fim de os embarcarem para Lisboa.
A Frelimo, partido que havia conquistado a independência, estimulava naquela fase do processo de descolonização a saída de todos os portugueses, dentro da lógica de que, se haviam participado no domínio colonial, não seriam bons colaboradores para o novo poder político. A Frelimo combatia, porém, ferozmente, a saída de bens e haveres, com a ideia de que sem esses patrimónios o País ficaria mais pobre.
Neste contexto, um fiscal da alfândega, que procedia ao exame de um contendor pertencente a um conhecido e prestigiado arquitecto, não encontrando nada a que pudesse objectar, perguntou-lhe onde estavam escondidas as barras de ouro...
Sorrindo, ele mostrou-lhe as duas mãos e respondeu: estas são as minhas barras de ouro; foi com elas que criei riqueza; vão comigo...valem mais do que tudo o que se encontra nesse contentor....

segunda-feira, agosto 18, 2003

MULHERES AO VOLANTE

Tenho pelas mulheres em geral o maior fascínio e pelas que me são próximas, como a minha mulher e as minhas filhas, grande amor e admiração.
Penso que estes sentimentos se justificam. Afinal todos nascemos do ventre duma mulher que cuidou de nós com desvelo e carinho e, tantas vezes, com sacrifício. Foi de uma mulher que recebemos as primeiras referências, foi apoiados nas suas mãos que demos os primeiros passos e é com ela que podemos contar para toda a vida.
A mulher é nossa mãe, nossa esposa e nossa filha.
Mas... todos estes belos sentimentos desaparecem quando vejo, na via em que circulo, uma mulher ao volante. Não sei que estranho fenómeno se apodera desses seres benditos quando se sentam ao comando de um automóvel. Querem ultrapassar tudo e todos, não conhecem ou não respeitam regras de trânsito, tocam a buzina se alguém, mesmo que inadvertidamente não as deixa logo passar, e "last but not least" podem chegar a ser agressivas e malcriadas.
Há muitos sítios onde é apetecível estar com uma mulher.
Mas certo, certo é que não é desejável vê-las ao volante.
........................................
Para ser justo, também há alguns homens assim.

IRRESPONSABILIDADE NA POLÍTICA

Os políticos tem tendência a considerar que só devem responder perante aqueles que os elegeram, os que lhes permite vida folgada pelo menos durante quatro anos. E se pertencerem a qualquer aparelho partidário tem uma irresponsabilidade quase vitalícia.
Assim, a primeira de todas as prioridades de qualquer político é a de gastar o dinheiro que é colocado ao seu dispor de forma que resulte num aumento da sua popularidade.
Esta óptica, para além de todas as distorções a que conduz em termos económicos, privilegia os cenários de curto prazo, em detrimento dos de médio e longo prazo.
Isto é: privilegia a despesa e não o investimento.
Quem vier a seguir que pague a conta.
No que me diz respeito, o meu problema é que sou dos que ficam para pagar as contas.

A RESPONSABILIDADE DO DECISOR

Qualquer gestor do sector privado que obtenha maus resultados é responsabilizado por isso.
Em relação aos gestores do sector público a questão nem sequer se põe.

INVESTIR MELHOR

Todos nós sabemos, e portanto o Estado também sabe, que as despesas consomem recursos, muitas vezes para satisfazer necessidades supérfluas, e que o investimento gera rendimentos que permitem recuperar os fundos aplicados.
A solução consiste, pois, em gastar menos e em investir mais e melhor.
Por outro lado, qualquer investidor privado sabe, e portanto o Estado também sabe, que antes de se aplicarem recursos em qualquer projecto, importa prever a capacidade que o mesmo tem de gerar rendimentos.
A diferença está em que o investidor privado vai à falência se aplicar mal os seus dinheiros, mas isso dificilmente acontecerá com o Estado que tem a faculdade de obrigar os seus accionistas (contribuintes) a disponibilizarem mais capitais.
Por essa razão, o Estado é menos prudente e rigoroso nos investimentos que faz e deixa-se orientar por razões que a economia desconhece (captação de votos).
Como seria útil podermos dispor agora dos muitos milhões gastos de forma duvidosa na barragem do Alqueva e dos muitos milhões desperdiçados em dispensáveis estádios de futebol, para falar apenas dos mais recentes.

terça-feira, agosto 12, 2003

OLHAR NOS OLHOS

Quando o seu interlocutor não o olhar nos olhos, desconfie...
A mais importante diferença entre o cão e o lobo é a de que o nosso fiel amigo nos olha nos olhos expressando os seus sentimentos e porventura lendo os nossos enquanto que o lobo é incapaz de olhar o homem nos olhos. Foram feitas experiências nesse sentido segundo as quais era possível indicar por mímica a um cão a localização de qualquer objecto enquanto que o lobo, apesar de propositadamente faminto, foi incapaz de localizar o local onde fora escondido algum alimento.

segunda-feira, agosto 11, 2003

ONDAS DE CHOQUE

AS ÉLITES QUE NOS DEIXAM FICAR MAL

Como pode este País ser respeitado se as suas élites não sabem o que fazem, nem o que dizem.

Nos últimos dias Portugal foi assim:

a) um ex-Presidente de República insultou um Ministro;
b) um outro ex-Presidente da República participou de um jantar onde foram tomadas atitudes anti-democráticas;
c) vários Parlamentares deram exemplos de falta de idoneidade moral:
d) advogados pediram a prisão de juizes;
e) dirigentes do futebol foram citados como modelo para os políticos.
f) o País inteiro ardeu suspeitando-se de fogo posto;