quarta-feira, março 31, 2004

CAPITAL E ORGANIZAÇÃO

Parece estar demonstrado que o atraso de Portugal em relação à Europa em diversas áreas (v.g. Ensino, Saúde, Trabalho e outras) não resulta da falta de dinheiro. Sistematicamente se constata que as verbas consumidas pelo nosso Orçamento de Estado nessas actividades são proporcionalmente mais elevadas do que a média da Comunidade Europeia.
O que me faz lembrar um amigo que quando desafiado para novos negócios sempre começava por dizer: “... capital nós temos, o que nos falta é organização” .
E depois dava mais importância à viabilidade económica do novo negócio e aos seus aspectos organizativos do que ao capital a investir.

LUTA LIVRE

Nos meus tempos de juventude estavam muito em voga os espectáculos de luta livre, em que os dois jogadores utilizavam todo o tipo de golpes, mesmo os mais traiçoeiros e em zonas mais sensíveis para derrubar e vencer o adversário.
O importante era vencer, não importava como.
Quando algum deles tombava e ficava caído era pisado, massacrado e por vezes torturado. As imagens teatrais de pernas e braços torcidos e por vezes de sangue a correr faziam as delícias dos espectadores.
Os espectáculos eram ainda mais excitantes quando em vez de dois havia quatro lutadores em simultâneo ou alternativamente.
Previamente, os jogadores degladiavam-se na imprensa e davam entrevistas anunciando a sua disposição de massacrar o oponente. Quando acidentalmente se encontravam em qualquer local público, logo ali começavam as cenas de aparente violência.
Tudo tinha como objectivo estimular o público e a afluência ás bilheteiras.
Por detrás dos bastidores eles até eram amigos....
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Relembro estas imagens quando assisto actualmente às lutas políticas, designadamente em períodos eleitorais, em que vale tudo: acusações, ofensas, golpes baixos, ameaças...
Porque em privado, eles até são amigos....

sexta-feira, março 19, 2004

TERRORISMO II (A Guerra do século XXI)

A Guerra do século XXI já começou.
Sem fronteiras e sem inimigos visíveis, baseada num fanatismo religioso que leva homens, mulheres e crianças a sacrificarem-se voluntariamente para matarem outros homens, mulheres e crianças.
Há os fieis e os infiéis.
Há, de um lado, pessoas inocentes que têm medo de morrer e, do outro, pessoas criminosas que estão preparadas para o fazer sem hesitações.
Há, de um lado, pessoas sem rosto e, do outro, pessoas que se expõem de peito descoberto.
A Guerra ainda agora começou...
O governo norte-americano definiu uma estratégia de luta ao terrorismo segundo a qual não era suficiente a vigilância interna. Tornava-se necessário perseguir os terroristas nos países que lhes dão acolhimento (e que são obviamente inimigos também). E isto por recear que essas organizações, altamente treinadas e profissionalizadas, que já fabricam terroristas em escolas onde a mentalização de crianças começa cedo, possam vir um dia, num desses países, a produzir também armas de destruição maciça. Foi esse o motivo do ataque ao Afeganistão e ao Iraque, depois de repetidos avisos feitos pelas Nações Unidas. E que levou às pressões exercidas sobre a Coreia do Norte, a Líbia e a Síria e à intensificação da controlo sobre o Irão.
A Grande Europa considera essas acções abusivas e prefere limitar-se ao controlo interno, talvez pensando que os americanos farão o resto e que disso também beneficiarão, sem terem de pagar a factura...
Mas a cobardia e o medo conduzem à sujeição e não à vitória.

TERRORISMO I (O Medo)

Depois do 11 de Setembro e da decisão dos Estados Unidos de lançarem uma frente internacional contra o terrorismo, que incluiu a definição dos países do eixo do mal, potencialmente perigosos para a Humanidade, logo se levantaram vozes contra esse plano, por demasiado perigoso, susceptível de gerar novos ódios e desejos de vingança. O medo levou muitas pessoas a condenarem o ataque ao Afeganistão e a anteciparem o seu fracasso, com consequências terríveis para os países participantes.
Não foi isso que aconteceu e é de presumir que essa acção e o esforço de cooperação a que se assistiu por parte de muitos governos aniquilou uma parte importante da capacidade de acção do terrorismo fundamentalista islâmico.
Quando o segundo passo foi iniciado, com o ataque preventivo ao Iraque de Sadam Hussein, logo as vozes receosas se fizeram ouvir de novo, lembrando as ameaças de morte anunciadas pela Al-Qaeda.
Tornou-se então evidente que em toda a Europa a esquerda tinha assumido como bandeira a condenação do ataque ao Iraque, compreendendo a força da imagem bíblica do medo do fogo do inferno para os pecadores. Para isso, começou a propagar a ideia de que os países que participaram com os Estados Unidos no ataque iriam ser alvos de “castigos” impostos pela rede de Bin Laden.
Com a tragédia do 11 de Março, assumido como o primeiro desses castigos, o povo espanhol optou por cumprir as orientações dos prelados do fanatismo islâmico a fim de não correr o risco de mais condenações.
O Medo ficou definitivamente instalado em Espanha, que espera vir a obter alguma tranquilidade no presente, sem se preocupar com quais serão as consequências para as gerações futuras, se o terrorismo se vier a reforçar e passar a dispor de armas de destruição maciça.
Se o mesmo vier a acontecer noutros países do nosso Continente, como parece provável, será Bin Laden a definir a estratégia geopolítica dos países europeus. Os governos passarão a ser as comissões executivas que cumprirão essa estratégia no dia a dia.
Resta-nos esperar que do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos não vacilem e possam um dia vir a socorrer, uma vez mais, este velho, fragilizado e amedrontado Continente.