quarta-feira, setembro 07, 2011
Aprender chinês
O BNU em Macau na década de 80.
Foi-me solicitado que desse testemunho da minha vivência no BNU Macau.
Não sei quem foi a pessoa que se lembrou da minha passagem por Macau, mas aqui lhe agradeço o pedido, que atendo com muito gosto, porque penso que efectivamente a história das Instituições, tal como a dos países, se faz com o somatório de testemunhos de quem participou ou viveu os acontecimentos.
Neste caso trata-se de memórias que ainda interessam a muita gente, como se comprova pelo interesse e o entusiasmo da participação que esse blog tem e da saudade que o Banco Nacional Ultramarino desperta em todos aqueles que o serviram e ajudaram a cumprir a sua Missão.
Também eu tenho saudades e confesso que nunca pensei ver o Banco desaparecer.
Fui para Macau em 1980 e de lá regressei em 1988.
Macau era nessa época um território de 15 km2 e 500 mil habitantes, onde as comunidades chinesa, luso-chinesa e portuguesa conviviam
O BNU tinha uma actividade reduzida, comparativamente à dos bancos chineses e a pataca não exercia qualquer influência na economia do território, onde circulava principalmente o dólar de Hong Kong e o renminbi.
Neste cenário foi curioso assistir ao aparecimento do chamado Instituto Emissor de Macau, primeiro passo para a criação do Banco Emissor de Macau, que retiraria essa e outras importantes funções ao BNU, que ficaria limitado à sua pequena quota de acção comercial. Tratava-se de um projecto nascido em Lisboa, do desejo do Governo de Macau, mas que não podia agradar nem ao BNU nem a Pequim. Durante os anos em que tive a responsabilidade da direcção do Banco em Macau, o meu papel, bem como o dos meus colegas de direcção e de outros colaboradores próximos, foi o de resistir como pudemos a esse projecto, com o apoio da Administração em Lisboa, enquanto a ela presidiu o Dr. Mário Adegas. Tivemos também a compreensão tácita da influência chinesa.
Refira-se que felizmente o projecto não se concretizou e que o BNU, por decisão da Republica Popular da China, manteve todas as suas funções até 2049, quando terminará o período de 50 anos estabelecido por Pequim para a actual autonomia (à semelhança do que aconteceu
Portugal baixou a sua bandeira em 19 de Dezembro de l999 mas o BNU continua em Macau sem ter perdido nenhuma das suas atribuições.
terça-feira, janeiro 18, 2011
AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
As eleições presidenciais estão a chegar ao fim e no próximo domingo será eleito um novo presidente ou, se for esse o caso, teremos uma segunda volta.
De qualquer forma pode desde já tirar-se a conclusão de que os candidatos se empenharam arduamente em venderem-se a si próprios e em destruir a imagem dos seus adversários, num vale tudo cheio de violência verbal e vazio de ideias.
Foi ignorado completamente o desejo que todos os portugueses têm de conhecer com alguma transparência e sem demagogias o estado em que se encontra o nosso País e as medidas difíceis que inevitavelmente terão de ser tomadas.
Nenhum quis abordar esse tema com medo de perder popularidade.
Nenhum fez a diferença.
Prevaleceu o interesse pessoal.
Aos portugueses apenas foi pedido o seu voto.
…………
O País deve estar frustrado e isso irá provavelmente reflectir-se numa abstenção elevada.
FMI – Sim ou não ?
Nesta altura todo o patriota que se preze tem de ser contra e tem de afirmar com voz convicta que somos capazes de nos governar e não precisamos que nos venham dizer o que temos de fazer. O que não é inteiramente verdade,
porque se, de facto, todos sabemos mais ou menos as medidas que devem ser tomadas, pelo menos no que respeita à eliminação de custos desnecessários ou inúteis, ninguém dá sinal de ser capaz de as pôr em execução.
A primeira barreira já foi levantada: a do orgulho pátrio.
sexta-feira, novembro 12, 2010
quinta-feira, agosto 23, 2007
A JOANA E O BANCO MILLENNIUM
Não obstante a anterior relação de confiança que os unia e que estava na origem da sucessão, a vida e os interesses acabaram por os atirar para campos opostos e o conflito instalou-se.
A imprensa ocupava-se do tema todos os dia, dado estar em curso uma Assembleia-Geral de accionistas para resolver o problema. E as pessoas discutiam o assunto, tomando partido umas pelos velho fundador do Banco e outras pelo novel Presidente, comentado os actos de cada um deles e criticando ou elogiando conforme as suas inclinações na disputa. Ambos tentavam arregimentar votos entre os accionistas e para isso valia um pouco de tudo, desde actos mais ou menos aceitáveis a outros talvez pouco recomendáveis.
Embora o velho fundador do Banco levasse alguma vantagem na disputa, principalmente por erros cometidos pela outra parte, a incógnita de quem sairia vencedor mantinha o suspense.
E era esse o motivo da conversa dos pais da Joana. Esta, brincando no chão ao lado do sofá, prestava atenção a tudo o que diziam, com a sua habitual curiosidade e enorme apetência para aprender e perceber o que se passava à sua volta..
……….
A certa altura a Joana virou-se para os pais e perguntou qual deles iria ganhar, ao que eles responderam não saber. A Joana pediu para ver as fotografias dos dois. Depois apontou uma delas e disse: Quem vai ganhar é este. E o seu pequeno dedo apontou para Jardim Gonçalves.
-- Porquê ? questionaram ambos.
-- Porque é mais velho e por isso faz menos disparates.!!!!
Aguardo ansioso o resultado final do conflito.