segunda-feira, dezembro 27, 2004

CONCEITOS ERRADOS

Decididamente Pedro Santana Lopes priveligia um conceito errado de estar na vida política ao escolher Filipe Menezes para liderar a candidatura do PSD ao distrito de Braga.
Com isso procura votos e não homens para ajudarem a recuperar o País.

EM QUEM VOTAR

Pelo que verifico no meu circulo de familiares e amigos simpatizantes do PSD as dúvidas sobre quem votar nas próximas eleições é muito grande. Eu próprio andei à deriva durante algum tempo. Os erros cometidos pelo líder do partido e o seu caracter errático e populista, susceptível de fazerem recear a sua incapacidade para executar políticas impopulares como o estado do País exige, dão origem ao desejo de não votar, de votar no CDS ou mesmo no PS.
Receio, por isso mesmo, que o PSD tenha um resultado desastroso.
E receio que o PS, se tiver mais votos mas não for maioritário, como algumas sondagens sugerem, possa vir a aliar-se à esquerda.
O meu receio é baseado no facto de que o PS, que por natureza é avesso a políticas de contenção, tem um novo líder desejoso de se afirmar ganhando popularidade, como aliás vem revelando.
Para já não falar nos velhos barões que, tanto no PSD como no PS, já demonstraram os motivos por que andam na vida política (salvo honrosas excepções).
.........
Em quem votar ?
Penso que é necessário ir ao fundo das questões e hierarquizar valores.
Nesse caso, e independentemente dos líderes de ocasião, deve prevalecer o partido que melhor representa os valores que sempre temos defendido.
Sob pena de confundirmos as coisas.
Sob pena de não podermos voltar a afirmar que, mesmo nos momentos mais difíceis, defendemos os nossos ideais.

TUDO MAL

Em minha opinião, Pedro Santana Lopes fez tudo mal.
E, curiosamente fez tudo ao contrário do que teria feito Sá Carneiro, que diz ser a sua referência política.
Sá Carneiro não se orientava apenas pela intuição.
Agia sempre no campo dos princípios.
Creio que Sá Carneiro não teria aceite nunca chefiar um governo sob tutela expressa e vigilância declarada de um Presidente da República oriundo de uma força política cujos conceitos e objectivos não eram os seus.
Teria ido a eleições procurar a autoridade de que necessitava.
Estou certo também de que Sá Carneiro não teria aceite continuar a governar depois de o Presidente ter dissolvido a Assembleia da República, onde o seu partido liderava uma coligação representativa da maioria dos votos dos portugueses.
O seu sentido de honra não o teria permitido.
E, finalmente, estou certo de que Sá Carneiro não teria acedido a aprovar o orçamento depois de anunciada a dissolução da Assembleia.
Por respeito consigo próprio.
...............
Sá Carneiro punha os princípios morais e éticos acima de qualquer oportunismo político.
Por isso é fácil presumir o que teria feito na posição de Pedro Santana Lopes.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

A MORAL MORA AO LADO

Diariamente, a questão do défice e as medidas tomadas (ou não) para o resolver de acordo com as exigências comunitárias são objecto de comentários, análises e artigos de opinião em que a esquerda e a direita puxam a brasa à sua sardinha, procurando ambas ficar o melhor possível na fotografia.
Mês após mês, ano após ano, discutem-se as medidas tomadas pelo Governo para a obtenção de receitas extraordinárias.
Parece até que é essa a questão principal, quando toda a gente sabe que o problema se situa no lado das despesas, pelo simples facto de que não se deve gastar mais do que aquilo que se tem.
Disso não se fala...por hipocrisia e cinismo e o povo vai-se deixando enganar.
E que pensar quando o Governo demitido não se coíbe de fazer aumentar o número dos funcionários públicos com a nomeação de ex-acessores, consultores e outros para lhes garantir vida regalada com o dinheiro de todos nós !!!!!
E que pensar quando o Presidente da República, o mais alto Magistrado da Nação, eleito pelo Povo para o representar, critica o Governo de não ser rigoroso na sua política de contenção orçamental e ao mesmo tempo, com a maior naturalidade, considera importante a aprovação do orçamento para 2005 para que os funcionários públicos sejam aumentados !!!!!!!

segunda-feira, dezembro 13, 2004

A VERDADE DESPORTIVA

Não é justo que a verdade desportiva seja alterada por uma decisão parcial de um árbitro.
Não só não é justo, como é dramático, uma vez que dessas decisões não há recurso.
Quem as profere tem um poder que vai para além das capacidades humanas, pois homem algum é infalível.
No futebol isso tem acontecido com demasiada frequência....
.........
E na política ? Que fazer quando o árbitro beneficia uma das equipas?

quinta-feira, dezembro 02, 2004

EXPULSAR OS MAUS

O que me incomoda verdadeiramente é que cerca de 35 a 40 % dos meus rendimentos salariais vão inteirinhos para o Governo em impostos directos. Isto significa cerca de 4 a 5 meses a trabalhar só para o Orçamento do Estado. Mas há mais: também pago impostos quando tomo uma bica, vou ao cinema, ao mercado, ao dentista, ao médico, quando compro um automóvel ou uma bicicleta, etc.,. São os chamados impostos indirectos. Tudo somado trabalho para o Estado oito ou nove meses no ano.
Penso que esta situação só é comparável com a da escravatura, na idade média.
O que acontece com o meu dinheiro?
Fazem novos hospitais, escolas, lares de terceira idade, estradas, pontes, comboios ou autocarros?
Não. Os que existem estão a cair aos bocados.
Lendo os jornais fica a saber-se que 80% dos impostos são consumidos em salários da Administração Pública.
Isto é: há centenas de milhares de pessoas que vivem à minha custa.
Que utilidade têm essas pessoas para mim? Atrevo-me a dizer que muito pouca. Trabalham nos hospitais de que fujo quando estou doente; nas repartições onde se tira o BI e outros documentos, onde sou obrigado a esperar longas horas e sou tratado com desdém; nas escolas onde se aprende tudo aquilo que os estudantes não devem saber; e por aí fora....
Para não falar em todos aqueles que vivem da política ou à sombra dela (e vivem melhor do que eu).
Não quero ser injusto com aqueles (talvez poucos), que existem em todas as profissões, e que se esforçam para merecer o dinheiro que ganham.
Infelizmente, os bons são sempre poucos.
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Veio isto a propósito do facto de o Professor Dr. Aníbal Cavaco Silva ter afirmado recentemente que a situação do País era muito grave e que era necessário que os bons políticos expulsassem os maus, enquanto é tempo. E de o Senhor Presidente da República, certamente para permitir o início desse processo de selecção, se preparar para dissolver a Assembleia da República.
A ambos o meu muito obrigado.
Mas, francamente, julgo que se torna necessária uma mobilização popular.
Ou mais própriamente: a revolta dos escravos.



quinta-feira, outubro 14, 2004

UMA PEQUENA NAÇÃO, III

Depois da agitação provocada pelo insuportável Professor e do esforço orçamental que fora obrigado a fazer para levantar a moral do povo, o Chefe chegou ao Palácio convencido de que o pior havia passado. Sentou-se no sofá, serviram-lhe um wisky velho e pegou numa revista. Ao começar a ler ficou estarrecido. O prémio Nobel de Economia acabava de ser atribuido a dois Professores, de nome Finn Kydland, da Noruega, e Edward Prescott, dos Estados Unidos, pela sua teoria de “... inconsistência temporal aplicada à política económica, segundo a qual, em determinadas circunstâncias, é preferível a existência de regras de longo prazo, uma vez que há a propensão para os orçamentos anuais dos Estados serem usados para ciclos eleitoralistas...”
O Chefe gritou de raiva. Era demais. Não lhe bastava um Professor, nem dois. Agora eram três. E laureados pela Academia Sueca.
Mas que mal fizera, para esta perseguição ...
Mas os seus assessores e assessoras intervieram prontamente lembrando-lhe que os portugueses só se preocupavam com a sua pequena economia doméstica do dia a dia (como evitar dívidas com os seus orçamentos de € 500,00) e que essa preocupação já fora tratada para 2005 com as generosas benesses que o génio do Chefe tornara possível.
As questões macro-económicas era um jogo divertido, mas que só interessavam alguns fanáticos, sem influência eleitoral.
...........
(lamenta-se a não continuação destas notas, mas houve pressões no sentido de deixar o Chefe sossegado)

terça-feira, outubro 12, 2004

UMA NAÇÃO PEQUENA, II

O programa do Ministro não chegou a ser aplicado ao Professor porque este, depois de falar com o cunhado, que conhecia bem o e-government, resolveu desaparecer, sem alegar pressões ou outras maldades que eram sempre possíveis.
E, assim, a confusão instalou-se naquele País demasiado pequeno para tamanho imbróglio.
Todos falaram ao mesmo tempo.
No meio de toda a algazarra, foi grande a surpresa, quando se começou a perceber que estavam todos de acordo com tudo. Isto é: a liberdade de expressão é o máximo; não podem existir pressões sobre ao jornalistas, para não lhes criar stress, o País vive em liberdade total, etc., etc....
Acalmados os ânimos, o Chefe foi novamente à televisão para tomar mais umas decisões. Anunciou então algumas boas novas. Graças a si e aos seus colegas de equipa (os titulares e os que estavam no banco) o País já não estava de tanga, mas com os cofres cheios. Assim, ia poder cumprir as suas promessas: aumentar os salários e as reformas e baixar os impostos, sem aumentar o défice.
Parecia um milagre, que ninguém compreendia. Até os mais reputados economistas, conhecidos por saberem bem fazer contas, não encontraram a fonte de tanta abundância.
Talvez, admitiu um, se vendam algumas jóias. Ou se vá ao mealheiro dos filhos...
Entretanto, o Chefe regressou ao palácio, satisfeito consigo próprio, pois controlava a situação, que continuava estável. E isso era o que ele mais desejava.
(novo intervalo, antes de novas aventuras na nação pequena)

segunda-feira, outubro 11, 2004

UMA PEQUENA NAÇÃO

Numa pequena nação do terceiro mundo o Governo foi confiado a um grupo de pessoas interessadas em exercer o poder.
Alegaram que pretendiam trabalhar pelo País, modernizando as suas estruturas, diminuindo os impostos e lutando pelo progresso e o bem estar geral. Os sacrifícios seriam grandes, mas compensadores (claro que não foi explicado que os sacrifícios seriam do povo e as compensações para os sacrificados governantes)
A comunicação social passava as mensagens.
O povo via e ouvia, embevecido e esperançado.
Em frente às câmaras de televisão, o Chefe tomou as primeiras medidas, aparentemente por inspiração divina: os ministros iriam governar junto das populações, para governarem melhor....
Ninguém percebeu como isso seria possível, uma vez que, sendo muitos os problemas, havia muitos e pesados dossiers, que seria preciso transportar, e havia também muitos funcionários que teriam de ter muita mobilidade, coisa a que não estavam habituados.
Logo o chefe explicou que iria também criar o e-government, uma técnica de governo nova, que funcionava na internet.
O espanto foi geral. Finalmente o País tinha um chefe com novas ideias e novas técnicas e, graças a elas, iria aumentar, sem esforço, a sua baixa produtividade, que era muito criticada no estrangeiro.
Claro que foi preciso nomear muitos novos funcionários da confiança do Chefe, incluindo uma bonita adjunta para a comunicação social. Claro que foi necessário controlar algumas instituições, empresas e pessoas, que, por pura maldade, poderiam exercer uma acção nefasta.
Mas tudo era bem explicado na televisão pelo Chefe com o seu sorriso charmoso, que já seduzira muitas donzelas e agora seduzia a população, sem descriminação de sexos.
Mas persistia uma contrariedade. Um Professor, moreno e bem parecido, que também ia à televisão e que em tempos fora seu rival e agora se divertia a dizer mal de tudo. E dizia muito mal, durante muito tempo, porque dormia pouco e passava as noites a congeminar as suas maldades.
Realmente o Mundo não é perfeito e aquele pequeno País também não.
A última grande decisão do Chefe, de decretar um dia de descanso extra para toda população, decisão que foi naturalmente considerada como sábia e justa, foi mal aceite pelo Professor, que gosta de trabalhar muito e, por inveja, quer que todos façam o mesmo.
........
Então, um Ministro, que infelizmente não se tinha deslocado para junto do povo, foi à televisão dizer que o Professor era um grande malandro, que odiava o Chefe e lhe queria mal e que por isso devia ser amordaçado e, se possível, reeducado por uma Alta Autoridade.
.......(pequeno intervalo para publicidade).


terça-feira, setembro 28, 2004

O SISTEMA FISCAL

O sistema fiscal foi construído com vários níveis de taxas destinados a onerar mais os que mais podem, certamente porque o legislador quis utilizar um critério de justiça social.
Ao longo do tempo, porém, têm sido criados benefícios fiscais com base em motivações económicas ou outras (incrementar a poupança, ajudar clubes de futebol, apoiar a compra de habitação, etc.), que têm distorcido completamente o critério de justiça social que deveria presidir ao sistema.
Um exemplo disso é o caso, que já referi dos PPR e dos PPA que reduzem substancialmente a tributação dos que têm capacidade para poupar e investir.
Os que não tem essa capacidade ou não têm idade para o fazer (idosos) são penalizados por isso.
Isto é, ser pobre ou ser velho paga imposto....

Actualmente, o fisco é um pequeno monstro.
Em nosso entender, a única forma de o purificar é expurgá-lo de todas essas deduções com objectivos económicos e não sociais.
De todas.
De uma vez.
Os desequilíbrios (em algumas famílias) resultantes dessa medida poderiam, se necessário, ser minimizados, durante um período transitório, com subsídios de tendência decrescente inscritos no Orçamento do Estado (fora do sistema fiscal) em rubricas adequadas e transparentes.
O sistema fiscal tem de ser simples e claro.
A manta de retalhos em que se transformou permite camuflar os privilégios de alguns, o que revolta os contribuintes que suportam o sistema e a ele não podem fugir.
Por outro lado, essas medidas aumentariam de forma significativa as receitas fiscais, sem aumentar as respectivas taxas.

quinta-feira, setembro 23, 2004

EVASÃO FISCAL

No site do jornal PÚBLICO de hoje, vem um inquérito, em que é perguntado:
“Concorda com o fim do sigilo bancário como instrumento de combate à evasão fiscal?”
A maioria das respostas (60%) é afirmativa.
As negativas representam 39%.
Sendo assim, por que razão não se utiliza esse recurso?
Será porque o poder político, que se alterna no governação, faz parte dessa minoria?

quarta-feira, setembro 22, 2004

GLOBALIZAR A COERÊNCIA

Quando um dos ministros pretende diferenciar taxas e outro deseja acabar com as diferenciações, das três uma: ou o Senhor Primeiro Ministro está ausente, ou distraído ou de facto não tem uma visão estratégica coerente para o seu Governo.

DIFERENCIAÇÃO NEGATIVA

No meu último texto critiquei a intenção do Governo de estabelecer taxas diferenciadas para a utilização dos serviços públicos, com base nas declarações do IRS. Isto é, quanto mais IRS, mais taxas....
Hoje congratulo-me com a intenção do Ministro das Finanças de acabar com alguns benefícios fiscais, tais como os que incidem sobre os PPR e os PPA.
Neste caso as diferenciações existem e são injustas.
Foram criadas ao longo dos tempos, ao sabor dos lobbies, sob pretextos vários (estimular a poupança... incentivar o mercado de capitais, etc.).
A injustiça consiste no facto de que aqueles que não têm recursos suficientes para fazerem poupanças (ou que por razões de idade não satisfazem os requisitos para o efeito) pagam mais impostos.
Isto é: ser pobre ou ser velho é motivo de tributação...

Acresce que o Ministro (que eu, como pagador de impostos, aplaudo) tem a intenção de redistribuir esses benefícios por todos os contribuintes através da subida dos escalões.
O que é mais do que justo.
Muito bem, Senhor Ministro.

DIFERENCIAÇÃO POSITIVA

O actual Governo parece possuído pela fúria de implementar o princípio de cobrar pela utilização dos serviços públicos valores em função das declarações de IRS dos utentes.
Para já, nos hospitais e nos transportes públicos...
Outras se seguirão....
Chamam-lhe a diferenciação positiva.
As classes de maiores rendimentos, designadamente as das profissões liberais que são conhecidas por pagarem quase nada de impostos, e a dos pequenos empresários, que declaram sempre prejuízos, devem estar deliciadas com a ideia. Já não falo nos grandes capitalistas e empresários que fazem passar a maioria dos seus rendimentos pelos off-shores criados para o efeito, porque esses não recorrem certamente a serviços públicos.
Aqueles que, como eu, pertencem à legião de escravos que, por trabalharem por conta de outrém, não podem escapar à fúria do fisco, vêem a determinação governamental com extrema preocupação.

Em meu entender, a verdadeira justiça seria a de se cobrarem pelos serviços públicos o seu custo real (baseado num padrão aceitável de produtividade) e de se praticar o apoio aos mais carenciados através de um subsídio que lhes permitisse não ficarem abaixo do nível pobreza.
Assim, teriamos a certeza de que estariamos, com os nossos impostos, a ajudar os mais pobres.

segunda-feira, setembro 06, 2004

O USO DA LÍNGUA

No "posted" do seu blogue A BANHADA DO PROFESSOR MARCELO, refere o meu Amigo um episódio que o seu professor de português, Pires de Lima , contou numa das suas aulas, a proposto do uso do calão.
Ao le-lo, lembrei-me dum outro episódio a que assisti numa viagem de comboio.
A determinada altura, no meio dum vozerio que veio alterar o sossego dos passageiros, entrou, de tropel, na carruagem em que eu seguia, um grupo de vendedeiras de peixe, carregadas com os aprestos da sua profissão.
Os poucos lugares vagos foram rápida e pressurosamente ocupados pelas mais diligentes recém-chegadas
Ficou uma de pé.
Mulher encorpada, embaraçada com a canastra do peixe e outros pertences, encostou-se, como pôde, à parede para se aguentar melhor na incómoda posição.
Depois de alguns momentos em que, com o olhar percorreu toda a carruagem na esperança duma solução, desabafou numa voz possante e visivelmente agastada: "Então não há nenhum caralho de nenhum home que se levante pra uma senhora se sentar ?"
Obviamente, depois daquela carvalhada, ninguém se levantou para dar lugar à senhora.
(mensagem enviada pelo meu Amigo Carlos Soares Ferreira, que agradeço)

quinta-feira, agosto 05, 2004

FAHRENHEIT 9/11 (II)

No Diário de Notícias de hoje, na sua coluna habitual, Miguel Portas, do Bloco de Esquerda, comentando o filme Fahrenheit 9/11, reconhece que se trata de uma manipulação, mas considera-a válida por ser contra George Bush, “...o assassino de luvas brancas.”
Pelos vistos para ele os fins justificam os meios... desde que os fins sejam os seus....
Caso contrário, o método seria totalmente inaceitável e moralmente condenável.

terça-feira, agosto 03, 2004

AS APARÊNCIAS ILUDEM

Perante o dilema de confiar o Governo ao PSD, liderado pelo Dr. Santana Lopes, ou convocar eleições antecipadas, beneficiando o PS, o Senhor Presidente da República surpreendeu o País ao optar, depois de duas longas semanas de consultas, pela primeira hipótese.
A esquerda, vendo-se afastada do Poder que parecia ao seu alcance, levantou-se em peso, protestando de forma por vezes violenta, desde o Bloco de Esquerda, ao Partido Comunista e ao próprio Partido Socialista.
O Dr. Ferro Rodrigues demitiu-se como forma de protesto. A Drª. Ana Gomes viu nisso uma traição e o fim da democracia (a sua).
O PSD e o CDS aplaudiram com elegância e consideraram o Presidente uma pessoa inteligente e esclarecida.
A Maioria parlamentar de tão contente que ficou nem sequer procurou descortinar os fundamentos da decisão.
Curiosamente os rivais do Dr. Ferro Rodrigues foram muito discretos nas manifestações....
Analisando mais atentamente e sem paixão vemos que:
a) o Dr. Jorge Sampaio, que criticava de forma velada a política de contenção orçamental, exigiu que a mesma fosse mantida;
b) o PS que tinha uma liderança sem futuro viu-se livre dela de um dia para o outro e ganhou ano e meio para se reorganizar, com um líder mais carismático;
o PSD vai ter de carregar a cruz dos sacrifícios durante esse ano e meio, sob a vigilância atenta do Presidente.
Admitindo-se que em eleições imediatas o PS não ganharia com maioria absoluta e iria sofrer o desgaste duma governação sem dinheiro para distribuir, tudo leva a crer que o Sr. Dr. Jorge Sampaio não se esqueceu das suas opções políticas e definiu uma estratégia de conquista do Poder a um prazo um pouco mais longo (ano e meio), mas mais segura e de efeitos mais duradouros.
As aparências iludem...

FAHRENHEIT 9/11

Todos nós temos qualidades e defeitos. Quando se pretende dizer mal de alguém, referem-se apenas os seus defeitos, ignorando as qualidades. Faz-se o inverso quando se deseja enaltecer a pessoa.
Isto é, manipula-se a verdade da forma mais conveniente.
E a verdade sai falseada.
Lembrei-me desta técnica simples de manipulação com que nos confrontamos diariamente na convivência com outras pessoas, quando assisti ontem ao filme Fahrenheit 9/11, de Michael Moore.
O que incomoda é que o autor, no desejo de prejudicar gravemente a imagem do Presidente Americano, George Bush, nem sequer evitou a divulgação de imagens extremamente chocantes da guerra do Iraque, que a própria televisão americana não publicou, por respeito para com os espectadores e especialmente os familiares das vítimas.
O filme é manifestamente desonesto e mal intencionado.
Trata-se de chicana política.
De tal forma que nem os próprios democratas, incluindo o candidato John Kerry, se querem ver associados a ele.

sexta-feira, julho 02, 2004

GALERIA DE NOTÁVEIS (a minha)

Desde que o direito de escolha existe, tenho votado PSD.
Sou admirador do Dr. Sá Carneiro, do Prof. Cavaco Silva e de algumas outras personalidades que se têm distinguido na vida pública nacional pela clareza dos seus ideais e princípios, pela honestidade e rigor dos seus comportamentos, e pela subordinação dos interesses pessoais ao interesse público.
Nos últimos dois anos acrescentei mais um nome à minha galeria de notáveis: o da Ministra das Finanças Drª. Manuela Ferreira Leite.
Não tenho com ela, nem com qualquer pessoa das suas relações, qualquer ligação, pelo que o meu sentimento é genuíno e autêntico.
Com o seu programa de equilíbrio das finanças públicas, sem o qual não é possível transformar e modernizar o País, a Drª. Manuela Ferreira Leite enfrentou, praticamente sozinha (e de uma forma completamente desinteressada), as consequências mais negativas que no imediato têm afectado os portugueses mais desprotegidos.
Com a força das suas convicções, enorme competência e grande coragem tem realizado um trabalho excepcional que as futuras gerações não deixarão de registar.
Competente, honesta, trabalhadora e dedicada exclusivamente à Causa Pública é como eu vejo esta Senhora notável.
Trata-se de um caso de excepção num País onde é fácil encontrar todo o tipo de corrupção (a todos os níveis), em que os políticos pensam em primeiro lugar nos seus interesses pessoais ou corporativos e em que o dinheiro dos contribuintes é esbanjado sem pudor nem receio.
...........
Compreendo o sentimento de hostilidade que grande parte da população lhe dedica, mas não compreendo a falta de solidariedade que os seus pares no PSD têm demonstrado, nem a aparente satisfação com que a vêem partir, sem uma palavra de agradecimento e de apreço.
Foi com tristeza e revolta que a vi ontem, na televisão, deixar a sede do PSD sozinha, cabisbaixa, acompanhada por dichotes de pessoas com microfones e câmaras de filmar.
............
Considero também lamentável que a comunicação social tenha ignorado completamente a (implícita) homenagem que lhe está já a ser prestada pelas elites mais responsáveis deste País, a começar pelo Senhor Presidente da República, ao considerarem como fundamental a manutenção da política de rigor e de contenção orçamental pela qual se sacrificou e pela qual tem sido injustamente criticada.


quinta-feira, julho 01, 2004

CARTEIRA EM PERIGO

Ao trocar o cargo de 1º. Ministro de Portugal pelo de Presidente da Comissão Europeia, o Dr. Durão Barroso não enquadrou a sua decisão no campo dos princípios morais e éticos que parecia defender.
Abandonou um projecto de dimensão nacional com impacto no futuro do País.
Abandonou os seus ministros e colaboradores, a quem, ao que parece, não informou em devido tempo nem deu quaisquer explicações.
Abandonou aqueles que em si votaram e acreditaram.
Abandonou o Partido à sua sorte.
Tomou todos por parvos, limitando-se a afirmar que o País só terá a lucrar.
Felizmente, não chegou ao ponto de dizer que lhe devemos agradecer.
Como consequência imediata Portugal irá para eleições gerais, que o PS certamente ganhará, após o que fará aquilo de que tanto gosta: gastar o dinheiro dos contribuintes sem olhar para o fundo do saco.
A alternativa, pouco viável, será a de ser o PSD a indicar um leader que já é aclamado por muitos que também se preparam para o assalto ao orçamento.
Em ambos os casos vejo a minha carteira em perigo....

Penso que nunca, em tempo algum, alguém terá contribuído tanto para o desprestígio do PSD que vai certamente ser pulverizado nas urnas.


TRAIÇÃO

Há cerca de dois anos dei o meu voto ao PSD e ao Dr. Durão Barroso. Fi-lo com convicção e alguma alegria porque o Dr. Durão Barroso se propunha:

a) governar com rigor para corrigir o excessivo endividamento do País e dos portugueses, de forma a criar condições de desenvolvimento para o futuro;
b) realizar reformas estruturais para dar maior flexibilidade e polivalência à capacidade produtiva dos portugueses;

O Dr. Durão Barroso pediu sacrifícios e prometeu governar sem pensar nas próximas eleições, pois sentia a responsabilidade histórica de dar um contributo decisivo para a modernização de Portugal.

Dois anos depois, a meio do seu mandato, sem ter concluído o seu trabalho e encontrando-se o País numa encruzilhada crucial entre os sacrifícios já feitos e a não certeza dos seus resultados, o Dr. Durão Barroso vira a costas e emigra.

Por muito legítima que seja a sua opção, a verdade é que deixa o barco à deriva...

Seria impensável a qualquer general abandonar as suas tropas no meio da batalha e ficar indiferente à sorte da população.

Na ética castrense seria traição.





quarta-feira, junho 30, 2004

OLHAR O PASSADO

O tempo corre muito rapidamente e, de repente, estamos a olhar para o passado, que a memória nos permite reviver ....
Nem sempre avaliámos bem os nossos procedimentos (nem as opções feitas) e de alguns nos arrependemos mais tarde.
Fomos livres para escolher, mas não somos para nos libertarmos das consequências dos nossos actos.

quinta-feira, junho 17, 2004

A BANHADA DO PROFESSOR MARCELO

Quando, na década de 1950, frequentava o 1º. ciclo do liceu (actuais 5º e 6º ano) o meu professor de português, Dr. Pires de Lima, contou um pequeno episódio para exemplificar a sua preocupação pelo uso crescente de uma linguagem vulgar e imprópria, normalmente designada por calão. Segundo ele, seguia num carro eléctrico completamente cheio quando entraram duas “senhoras” que logo procuraram chamar a atenção dos passageiros sentados. E uma delas terá dito em voz bem alta: “Que chatice...não há lugares”. O professor que, apesar da idade, se preparava para oferecer o seu lugar, imediatamente desistiu. Para ele, a palavra “chatice” era imprópria de uma pessoa educada e causava-lhe calafrios.
Lembrei-me deste episódio depois de ouvir na televisão o Prof. Dr. Rebelo de Sousa referir a “banhada” que o Governo tinha apanhado nas eleições para o parlamento europeu.
Como comentador político, o Professor não pode esquecer a sua qualidade académica e o facto de que é um modelo para muitos jovens. Deve ter a preocupação de usar uma linguagem simples e clara, mas não deve ceder à demagogia na utilização das palavras, pois é um mau exemplo.

quinta-feira, abril 29, 2004

UMA BOA CAUSA

Durante as comemorações do 30º. Aniversário do 25 de Abril o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, condecorou algumas altas individualidades com a Ordem da Liberdade, designadamente a pediatra Isabel do Carmo.
A Srª. Drª. Isabel do Carmo combateu o regime fascista e, depois da revolução, as outras forças que competiam pelo poder, recorrendo à luta armada.
Fez assaltos e foi bombista.
Não está arrependida e confessa estar preparada para repetir tais actos, se necessário, pois o sistema político actual não é o que sonhava.
Com a sua decisão, o Senhor Presidente da República legitimou a violência e o terrorismo, desde que a causa seja boa.

OS CAMINHOS DA PAZ

Os movimentos de esquerda na Europa (e não só) entraram em euforia.
E com razão.
Parece definitivamente assente, face a multiplas sondagens, que Bush vai perder as próximas eleições e que os Estados Unidos vão retirar do Iraque e do Afeganistão e desligar-se da NATO.
Na Europa, a liderança vai ser assumida por Zapatero, que já anunciou conversações com Bin Laden e Yasser Arafat.
Finalmente o Mundo vai ter paz.

quarta-feira, março 31, 2004

CAPITAL E ORGANIZAÇÃO

Parece estar demonstrado que o atraso de Portugal em relação à Europa em diversas áreas (v.g. Ensino, Saúde, Trabalho e outras) não resulta da falta de dinheiro. Sistematicamente se constata que as verbas consumidas pelo nosso Orçamento de Estado nessas actividades são proporcionalmente mais elevadas do que a média da Comunidade Europeia.
O que me faz lembrar um amigo que quando desafiado para novos negócios sempre começava por dizer: “... capital nós temos, o que nos falta é organização” .
E depois dava mais importância à viabilidade económica do novo negócio e aos seus aspectos organizativos do que ao capital a investir.

LUTA LIVRE

Nos meus tempos de juventude estavam muito em voga os espectáculos de luta livre, em que os dois jogadores utilizavam todo o tipo de golpes, mesmo os mais traiçoeiros e em zonas mais sensíveis para derrubar e vencer o adversário.
O importante era vencer, não importava como.
Quando algum deles tombava e ficava caído era pisado, massacrado e por vezes torturado. As imagens teatrais de pernas e braços torcidos e por vezes de sangue a correr faziam as delícias dos espectadores.
Os espectáculos eram ainda mais excitantes quando em vez de dois havia quatro lutadores em simultâneo ou alternativamente.
Previamente, os jogadores degladiavam-se na imprensa e davam entrevistas anunciando a sua disposição de massacrar o oponente. Quando acidentalmente se encontravam em qualquer local público, logo ali começavam as cenas de aparente violência.
Tudo tinha como objectivo estimular o público e a afluência ás bilheteiras.
Por detrás dos bastidores eles até eram amigos....
..........
Relembro estas imagens quando assisto actualmente às lutas políticas, designadamente em períodos eleitorais, em que vale tudo: acusações, ofensas, golpes baixos, ameaças...
Porque em privado, eles até são amigos....

sexta-feira, março 19, 2004

TERRORISMO II (A Guerra do século XXI)

A Guerra do século XXI já começou.
Sem fronteiras e sem inimigos visíveis, baseada num fanatismo religioso que leva homens, mulheres e crianças a sacrificarem-se voluntariamente para matarem outros homens, mulheres e crianças.
Há os fieis e os infiéis.
Há, de um lado, pessoas inocentes que têm medo de morrer e, do outro, pessoas criminosas que estão preparadas para o fazer sem hesitações.
Há, de um lado, pessoas sem rosto e, do outro, pessoas que se expõem de peito descoberto.
A Guerra ainda agora começou...
O governo norte-americano definiu uma estratégia de luta ao terrorismo segundo a qual não era suficiente a vigilância interna. Tornava-se necessário perseguir os terroristas nos países que lhes dão acolhimento (e que são obviamente inimigos também). E isto por recear que essas organizações, altamente treinadas e profissionalizadas, que já fabricam terroristas em escolas onde a mentalização de crianças começa cedo, possam vir um dia, num desses países, a produzir também armas de destruição maciça. Foi esse o motivo do ataque ao Afeganistão e ao Iraque, depois de repetidos avisos feitos pelas Nações Unidas. E que levou às pressões exercidas sobre a Coreia do Norte, a Líbia e a Síria e à intensificação da controlo sobre o Irão.
A Grande Europa considera essas acções abusivas e prefere limitar-se ao controlo interno, talvez pensando que os americanos farão o resto e que disso também beneficiarão, sem terem de pagar a factura...
Mas a cobardia e o medo conduzem à sujeição e não à vitória.

TERRORISMO I (O Medo)

Depois do 11 de Setembro e da decisão dos Estados Unidos de lançarem uma frente internacional contra o terrorismo, que incluiu a definição dos países do eixo do mal, potencialmente perigosos para a Humanidade, logo se levantaram vozes contra esse plano, por demasiado perigoso, susceptível de gerar novos ódios e desejos de vingança. O medo levou muitas pessoas a condenarem o ataque ao Afeganistão e a anteciparem o seu fracasso, com consequências terríveis para os países participantes.
Não foi isso que aconteceu e é de presumir que essa acção e o esforço de cooperação a que se assistiu por parte de muitos governos aniquilou uma parte importante da capacidade de acção do terrorismo fundamentalista islâmico.
Quando o segundo passo foi iniciado, com o ataque preventivo ao Iraque de Sadam Hussein, logo as vozes receosas se fizeram ouvir de novo, lembrando as ameaças de morte anunciadas pela Al-Qaeda.
Tornou-se então evidente que em toda a Europa a esquerda tinha assumido como bandeira a condenação do ataque ao Iraque, compreendendo a força da imagem bíblica do medo do fogo do inferno para os pecadores. Para isso, começou a propagar a ideia de que os países que participaram com os Estados Unidos no ataque iriam ser alvos de “castigos” impostos pela rede de Bin Laden.
Com a tragédia do 11 de Março, assumido como o primeiro desses castigos, o povo espanhol optou por cumprir as orientações dos prelados do fanatismo islâmico a fim de não correr o risco de mais condenações.
O Medo ficou definitivamente instalado em Espanha, que espera vir a obter alguma tranquilidade no presente, sem se preocupar com quais serão as consequências para as gerações futuras, se o terrorismo se vier a reforçar e passar a dispor de armas de destruição maciça.
Se o mesmo vier a acontecer noutros países do nosso Continente, como parece provável, será Bin Laden a definir a estratégia geopolítica dos países europeus. Os governos passarão a ser as comissões executivas que cumprirão essa estratégia no dia a dia.
Resta-nos esperar que do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos não vacilem e possam um dia vir a socorrer, uma vez mais, este velho, fragilizado e amedrontado Continente.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

NO NORDESTE BRASILEIRO, II

No nordeste brasileiro, a cidade de Fortaleza é feia e suja. Na Av. Marginal, onde se situam os principais hotéis, não se pode tomar banho porque a água é poluída.
Mas os brasileiros são muito simpáticos e comunicativos, as praias ao longo da costa são lindíssimas. A natureza propicia-nos coisas saborosas, como as frutas e os frutos do mar, a preços aliciantes e ainda existe artesanato valioso, pela originalidade e qualidade, como os bordados de bilros feitos à mão por populações do interior, oferecido por valores irrisórios.
Por acréscimo, tudo faz lembrar a África onde nasci: as palmeiras nas praias, a água do coco, a chuva que cai enquanto se mergulha nas ondas, a temperatura da água do mar igual à do meio ambiente e ambas iguais à das chuvas. Só há duas estações: a das chuvas, de Janeiro a Julho, e a do sol, de Agosto a Dezembro. As temperaturas são idênticas todo o ano, à volta dos 28º / 30º.
Mas o que mais surpreende é a capacidade de organização, que era suposto não existir nos brasileiros. Nas praias pululam os vendedores ambulantes, mas todos se identificam com uma tarjeta na teeshirt com a designação de “credenciados”, o que garante um controlo da actividades. Os preços que praticam são idênticos, não havendo especulação de vendedor para vendedor, ou de loja para loja, inspirando confiança ao turista, que assim sabe que não está sendo ludibriado.
Entre as numerosas praias a oeste e leste de Fortaleza existe, a cerca de 85 km, a praia de Morro Branco, com falésias de areias coloridas, grutas e quedas de água doce, que proporcionam um passeio pouco vulgar. Quando foi descoberta a beleza daquela praia e começaram a surgir os turistas, a primeira dificuldade encontrada foi a de, à chegada dos autocarros, as pessoas serem “assaltadas” por dezenas de miúdos, da aldeia de pescadores que ali existia, pedindo uma moeda. A fim de encontrarem uma solução para essa situação desagradável, resolveram as agências de viagem reunir com a miudagem para lhe dizer que o seu comportamento de pedintes iria afastar os turistas e que isso seria mau para todos. Sugeriram que fizessem artesanato e o tentassem vender, de forma organizada. Os miúdos ficaram de pensar. Dias depois deram a resposta. Não queriam trabalhar em artesanato, mas tinham uma ideia. Declararam que pretendiam ser guias turísticos, acompanhando as pessoas, individualmente ou em pequenos grupos, no passeio nas falésias. Esse projecto foi organizado, incluindo formação profissional e a obrigação de frequentarem a escola. Hoje, quando o autocarro chega, não se vêem os garotos, que são chamados depois um a um. Durante o trajecto dão explicações interessantes, contam histórias da vida da aldeia e no fim recebem o que se lhes quiser dar. O passeio turístico passou a ter uma mais valia, os miúdos deixaram de ser pedintes, frequentam a escola e criam aptidões para uma actividade profissional.
Penso que em Portugal continuariam pedintes, sem escolaridade e sem formação profissional.

NO NORDESTE BRASILEIRO, I

Ao contrário das nossas televisões, que enchem o espaço dos telejornais com reportagens sobre as desgraças que vão acontecendo aos extractos mais pobres da população, desde as barracas destruídas, os acidentes e crimes ocorridos, as fábricas que fecham lançando pessoas no desemprego, numa auto-flagelação que tem algo de masoquista, a televisão no Brasil enaltece o Brasil e exalta os brasileiros.
Nos dias que passei recentemente em Fortaleza, comemorava-se o 450º aniversário de S.Paulo de forma alegre e ruidosa e as televisões compraziam-se a mostrar o que de bom tem aquela enorme cidade. Ao mesmo tempo dava-se a conhecer que numerosos arquitectos, engenheiros, artistas, pensadores e outras personalidades trabalhavam para projectar o que será S. Paulo dentro de 50 anos, quando completar 500 anos.
O Brasil goza o dia que passa e constrói o futuro.
Em Portugal, vivemos do passado e das desgraças do dia a dia.

sexta-feira, janeiro 16, 2004

FINANÇAS E POLÍTICA

A agência internacional Standard & Poor’s (S&A) publicou um relatório com uma apreciação positiva da evolução da economia portuguesa, fundamentando assim a manutenção da nossa classificação de risco em AA.
Quase em simultâneo o Presidente da República alarmou o País com uma comunicação à Assembleia da República exprimindo as suas preocupações pelo agravamento da situação económica exortando os partidos políticos a conjugarem esforços para a elaboração de um orçamento plurianual de convergência partidária.
O relatório da S&A terá certamente efeitos positivos nos meios internacionais sobre a credibilidade de Portugal.
A intervenção do Presidente terá certamente efeitos negativos na confiança interna.
Por outro lado, a sua proposta não terá qualquer viabilidade, como ele seguramente sabe.
Aliás se o objectivo fosse o de conseguir uma conjugação de esforços partidária seria mais fácil consegui-lo em privado do que na praça pública.
O que leva o Presidente da República a dificultar a tarefa nada fácil que o Governo tem tido e continua a ter para corrigir os desmandos socialistas ? A proximidade de períodos eleitorais ?